Viajar

Estamos de mudança de Boa Vista-RR para Curitiba-PR. Pra aproveitar a oportunidade, resolvemos dar uma olhada no jeitão (antropologia, geografia, fotografia, o olhar das pessoas) dessa nossa América do Sul, fazendo a volta pela costa oeste do continente. Nossa "nave-mãe" nessa jornada será um Suzuki Grand Vitara (ano 2010). Estimamos a viagem em torno de 14 mil km, o que pretendemos percorrer em cerca de 40 dias.

Gostaríamos de compartilhar essa experiência com nossos amigos através deste blog, e, com isso, tornar essa jornada não apenas nossa, mas de todos que nos acompanharem. Convidamos vocês a viajar conosco, e a fazer comentários e sugestões.

Escrever sobre a viagem também nos ajuda a criar uma perspectiva de observadores da nossa própria história, o que é sempre interessante.

Assis, Mari e Thaís.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

37) 12 Jan 2011 - Cordilheira dos Andes, via Passo de Jama

12 Jan 11
38º dia
De San Pedro de Atacama – Chile a Purmamarca – Argentina
420 km

            Essa travessia da Cordilheira dos Andes pelo Passo de Jama é, definitivamente, fantástica, seja de carro ou de moto (de moto, logicamente, é muito mais fantástica [risos]).

            O visual é muito bonito. E não apenas das paisagens, mas o céu, assim como o sol, é claro, vigoroso, esplêndido. Há uma luminosidade radiante no ar. Isso, aliado à ausência de qualquer vestígio de presença humana, ao vento, ao frio, ao horizonte longínquo, às montanhas – constantes, altas, imponentes – compõem um quadro realmente enternecedor.

            É lógico, entretanto, que nem tudo é maravilhoso nesse ambiente extraordinário. A altitude está lá, silenciosa e insidiosa. E com ela a rarefação do ar. E com esta a batalha do organismo para se adaptar, e as conseqüências inevitáveis, em maior ou menor grau, dependendo da adaptação de cada um.

            A geografia dessa travessia é também digna de nota. Saindo de San Pedro, sobe-se numa tacada só, sem trégua, dos 2400 aos 4000 metros de altitude em pouco mais de 30 km. A partir daí a altitude varia dos 4 mil aos 4800 pelos próximos 300 km. No final outra descida abrupta: dos 4 mil aos 2200 metros em apenas 16 km! A vegetação é praticamente inexistente, à exceção de alguns poucos e bonitos cactos que aparecem no trecho final. E, de animais, apenas lhamas, selvagens, soltas, nas encostas das montanhas.

            A Thaís agüentou bem a parada até mais ou menos os 4500 metros, mas aí ela começou a sentir os efeitos. Sacamos então nossa carta da manga –  um cilindro de oxigênio que adquirimos em Arequipa, no Peru – e aliviamos o esforço dela através da oxigenação artificial. Funcionou. Ela foi se sentindo melhor e conseguiu concluir a travessia sem maiores problemas. A Mari e eu também sentimos o esforço da rarefação, mas passamos sem maiores dificuldades.

            A passagem nas aduanas também foi sem problemas. Apenas os procedimentos de praxe (uns 40 minutos pra dar a saída do Chile e cerca de uma hora pra regularizar a entrada na Argentina) e bola pra frente. A da Argentina foi nossa sexta aduana de entrada num país, e a última nessa viagem. A próxima fronteira é a de casa.

            Completamos hoje a significativa marca de 10 mil km rodados (neste momento, exatos 10.006 km).

            A ideia inicial para hoje era seguirmos até Salta ou San Salvador de Jujuy, duas cidades bem grandinhas na rota de casa. Mas, bem no sopé da Cordilheira tem um povoadozinho chamado Purmamarca – nada mais que um punhado de casas com ruas de terra, lindas montanhas em volta, um comércio pujante de artesanato e várias pousadinhas bem ajeitadinhas, tudo nesse aprazível clima de montanha (e fora da zona de desconforto da altitude). Não resistimos. Resolvemos encurtar o dia e curtir um pouquinho mais essa paz desses lugares distantes daquele agito das grandes cidades.

            Amanhã o plano é seguir em frente, possivelmente até Corrientes, ou próximo disso, para estarmos em condições de tocar solo pátrio na sexta-feira. Mas sem neurose, é lógico. Se não der, estará ótimo do mesmo jeito.

            Pois é, ta acabando (mas logicamente só acaba quando termina [risos])...

Força Sempre



Encontro com um casal de motociclistas de São Paulo, fazendo a volta pelo Peru (interoceânica), Chile e Argentina, sozinhos, de Suzuki V Strom 1000.









Vulcão Licancabur.



















Cordilheira dos Andes próximo ao Passo de Jama (4500 m de altitude).




Fronteira do Chile com a Argentina - Passo de Jama (4400 m de altitude).




Grupo de motociclistas brasileiros do Paraná, no Passo de Jama.
























Descida da Cordilheira dos Andes do lado argentino.
























Purmamarca e a feirinha de artesanato.









Coleção de adesivos de diversas expedições,
 numa porta da aduana em San  Pedro de Atacama









Estrada no alto da Cordilheira dos Andes.




Salar na Cordilheira dos Andes.










Legal essa visão leve das coisas, não?
Pra mim a percepção foi totalmente diferente [risos],
sempre preocupado com as coisas [risos]...


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