Viajar

Estamos de mudança de Boa Vista-RR para Curitiba-PR. Pra aproveitar a oportunidade, resolvemos dar uma olhada no jeitão (antropologia, geografia, fotografia, o olhar das pessoas) dessa nossa América do Sul, fazendo a volta pela costa oeste do continente. Nossa "nave-mãe" nessa jornada será um Suzuki Grand Vitara (ano 2010). Estimamos a viagem em torno de 14 mil km, o que pretendemos percorrer em cerca de 40 dias.

Gostaríamos de compartilhar essa experiência com nossos amigos através deste blog, e, com isso, tornar essa jornada não apenas nossa, mas de todos que nos acompanharem. Convidamos vocês a viajar conosco, e a fazer comentários e sugestões.

Escrever sobre a viagem também nos ajuda a criar uma perspectiva de observadores da nossa própria história, o que é sempre interessante.

Assis, Mari e Thaís.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

30) 04 Jan 2011 - Soroche

04 Jan 11
30º dia
Nazca – Peru

            Durante o trekking no Himalaia, no Nepal, em 1996, uma preocupação sempre presente era com relação ao mal da altitude. Os dias de caminhada eram planejados tendo como referência a altitude que se subia, e não o tempo de caminhada ou a distância percorrida. Normalmente subíamos em torno de 500 metros por dia, e tentávamos sempre subir mais alto e descer para dormir numa altitude um pouco mais baixa.

            Existe toda uma técnica para tentar aclimatar o organismo ao ganho de altitude, e, em alta montanha, poucos assuntos são mais freqüentes e preocupantes do que esse risco sempre próximo. Há vários estudos médicos sobre o assunto, mas o fato é que não é possível prever como cada pessoa vai se adaptar ao processo de ganho de altitude e à correspondente diminuição do oxigênio. É um negócio meio imprevisível. Às vezes faz-se tudo direitinho, segue-se todos os passos de aclimatação, e, de repente o organismo se desequilibra e começam os problemas.

            Ainda sobre a vivência no Himalaia: era comum cruzar com trekkers sendo carregados montanha abaixo, às vezes muito mal, às vezes completamente inconscientes. Não era uma cena auspiciosa.

            Saindo hoje de Nazca em direção a uma cidade chamada Abancay, na direção de Cuzco, fomos brindados com um dia inspiradoramente bonito. Mas a estrada ganhou contornos dramáticos logo nos primeiros quilômetros. Curvas, curvas, e mais curvas, e subindo forte e constantemente.

            A paisagem, em compensação, era belíssima. Montanhas a perder de vista, encostas altíssimas, silêncio, vento, aspereza.

            Exatos cem quilômetros (e duas horas e pouco) depois de sair dos 600 metros de altitude de Nazcar batemos nos 4000 metros de altitude. Logo depois a Thaís acordou sentindo-se mal. Paramos por alguns minutos e depois tentamos continuar.

            Num vilarejo próximo conseguimos umas folhas de coca e fizemos um chá. A Thaís tomou um pouco, mas não melhorou. Ainda insistimos por alguns minutos, mas a situação estava clara: era preciso voltar. Ainda faltavam mais de trezentos quilômetros para a cidade com alguma opção de hospedagem à frente, e a estrada continuava num zigue-zague absolutamente insano o tempo todo – dei uma percorrida no GPS e a sequência de curvas era interminável e assustadora. Além disso a altitude continuaria alta, pois estávamos em cima da Cordilheira dos Andes.  Andar uma hora, uma hora e pouco num ambiente assim até que é interessante. Mas o dia inteiro...

            Então fizemos a volta e retornamos. Chegando a Nazca, cerca de três horas depois, a Thaís já estava melhor, e agora está ótima de novo.

            Resolvemos, em função dessa situação, seguir daqui para Arequipa, na direção sul, acompanhando a costa. Lá faremos novo estudo e definição do roteiro a seguir.

            As coisas são como são, e não como gostaríamos que fossem.

            Soroche é como os peruanos chamam o mal da altitude.



Força Sempre













Observem a altura dessas encostas.
Mãos firmes nos volante e atenção total na estrada.
Sem direito a vacilos.













































Nada como um dia depois do outro...


Nenhum comentário:

Postar um comentário