Viajar

Estamos de mudança de Boa Vista-RR para Curitiba-PR. Pra aproveitar a oportunidade, resolvemos dar uma olhada no jeitão (antropologia, geografia, fotografia, o olhar das pessoas) dessa nossa América do Sul, fazendo a volta pela costa oeste do continente. Nossa "nave-mãe" nessa jornada será um Suzuki Grand Vitara (ano 2010). Estimamos a viagem em torno de 14 mil km, o que pretendemos percorrer em cerca de 40 dias.

Gostaríamos de compartilhar essa experiência com nossos amigos através deste blog, e, com isso, tornar essa jornada não apenas nossa, mas de todos que nos acompanharem. Convidamos vocês a viajar conosco, e a fazer comentários e sugestões.

Escrever sobre a viagem também nos ajuda a criar uma perspectiva de observadores da nossa própria história, o que é sempre interessante.

Assis, Mari e Thaís.

sábado, 1 de janeiro de 2011

26) 31 Dez 2010 - Oceano Pacífico e o canto da sereia

31 Dez 10
26º dia
De Cuenca – Equador a Talara – Peru
520 km

            Ontem à noite abri os mapas e fiz mais uma alteração no roteiro. Decidimos descer os Andes e entrar no Peru pela cidade de Tumbes, próximo ao Golfo de Guayaquil, ao invés de continuar pela rota da Cordilheira, mais a leste.

            Saindo de Cuenca a estrada se mostrou bastante agradável, passando por campos verdes entre morros suaves, muitas plantações de hortaliças e alguma criação de gado. Mas logo o que estava bom começou a se deteriorar, e uns 80 km depois a estrada estava fechada, com uma placa indicando um desvio por uma estrada de terra. Hummmm... Minhas anteninhas internas ligaram a luz amarela... Perguntamos a alguns habitantes locais a respeito das condições e distância do tal desvio. Eles olhavam para o carro e diziam: “Ah, com esse aí vai bem.” Sobre a distância respondiam: “Uns 40 minutos”. Mas, na realidade, não havia muito o que pensar. Metemo-nos na estradinha e fomos embora.

            O incerto desvio escalou as montanhas ao redor por um caminho de terra, às vezes lama, às vezes lama com pedra, com pouquíssimo movimento e bem estreito, mas foi um dos melhores trechos da viagem. Baixa velocidade, janelas abertas, aquele ar de montanha, aquele clima bucólico e paisagens belíssimas e surpreendentes. Não contei no relógio quanto tempo durou, mas deve ter sido em torno de uma hora, uns 30 km, talvez.

            Retornando ao caminho principal, a estrada continuo despencando em altitude (dos 2700 metros de Cuenca a praticamente o nível do mar em cerca de 300 km), numa nítida e muito interessante mudança da geografia e da vegetação ao redor.

            Chegamos à cidade de Machala, já na planície, por volta das três da tarde. Fizemos um lanche e nos dirigimos à fronteira com o Peru, aonde chegamos por volta das quatro horas (e lembremos que nós estávamos em ritmo de viagem, mas todos estavam em ritmo de último dia do ano). Entre idas e vindas para achar os lugares necessários, carimbos e papelada pra preencher, conseguimos ‘fazer’ as duas aduanas (saída do Equador e entrada do Peru) em duas horas.

            Mas o clima havia mudado pra melhor. Estava um céu bonito, sol e aquele astral de litoral ali bem próximo.


            Entrando no Peru, passamos pela cidadezinha de Tumbes, uns 30 km depois da fronteira e continuamos em direção a um vilarejo de praia chamado Zorritos, aonde chegamos já com o sol se pondo. Espetacular visão do mar e do pôr do sol no Oceano Pacífico após quase um mês lidando com montanhas, curvas e tempo indigesto nas altitudes.

            Animados com os novos ares, deixamo-nos levar pelo canto da sereia de que na próxima praia estaria o paraíso para passarmos um espetacular dia de ano novo. Lamentável equívoco. Chegamos no balneário que seria o mais badalado da região por volta das sete e meia da noite. Primeiro levamos um susto com a confusão de gente, carros e motos, depois fomos percebendo aos poucos a furada em que havíamos nos metido, pois absolutamente todos os hotéis, pousadas e similares estavam completamente lotados.

            Às nove da noite, cansados, estressados e desanimados, resolvemos retornar à estrada e partir para a próxima cidade no caminho, que ficava a uns 70 km de distância. E vou lhes dizer: foi muito chato esse lance.

            Chegamos em Talara, a tal próxima cidade, por volta das dez e meia da noite. Eu, particularmente, completamente exaurido das minhas energias e disposição. Felizmente achamos um hotelzinho com certa facilidade. Caí na cama e não quis nem saber dessa história de ano novo.

            Mas apesar desse aperto noturno no último dia do ano, o dia até que rendeu bem, e aquele contexto de montanhas, chuvas e estradas travadas parece ter ficado pra trás.


Força Sempre



No meio dos Andes, no desvio da estrada principal.



Imagens espetaculares.



Thaís curtindo a brincadeira.



No Equador é costume malhar esses bonecos no último dia do ano. Tem muitos, em todo canto.



Lá vai mais um bonequinho pra festa de fim de ano.



Exercícios de alongamento.



No desvio. Meio "punk" a brincadeira.



Estrada de terra.



Os infindáveis bananais da região de Machala, no Equador.



Chegando ao Peru, por volta das cinco horas da tarde.



Aduana do Equador - trâmites de saída.



Aduana do Peru - conteineres no meio do nada.



Pôr do sol no Oceano Pacífico no último dia do ano.

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