30 Dez 10
25º dia
De Ambato a Cuenca – Equador
A gente sabe que em viagens desse tipo (de mais de mês) chega uma hora que quase nada mais interessa a não ser chegar, nem que seja no destino do dia. A questão é quando vai se atingir esse ponto.
Pessoalmente, aprecio essa fase, porque parece que se conecta uma energia diferente, o foco do interesse vai mudando das eventuais e voláteis atrações locais para a viagem em si.
Hoje o dia começou bem, com o céu querendo ficar azul, paisagem altamente inspiradora – vulcões com os picos nevados, montanhas a perder de vista -, estrada boa e bom rendimento. A estrada seguia o tempo todo exatamente por cima da Cordilheira dos Andes, numa altitude média de 3000 a 3400 metros . Nas encostas das montanhas rebanhos de ovelhas sendo pastoreadas por crianças de 9, 10 anos, com os rostos queimados pelo frio e trajando aquelas típicas roupas coloridas, com ponchos e chapéus – muito legal. Mas ao meio dia esse quadro auspicioso começou a mudar. Baixou uma neblina bem fechada e em seguida veio a chuva. Mas continuamos sem problemas.
Porém, às duas da tarde, ainda sob chuva, ao passar por um povoadozinho, sem mais nem menos, o pneu traseiro esquerdo furou e esvaziou imediatamente (acho que foi uma pedra, porque havia muitas soltas pela estrada). Paramos, troquei o pneu e procurei uma borracharia local pra fazer o conserto do pneu furado. Acontece que o tal furo não era um furo, era um rasgo de uns sete centímetros (do lado interno do pneu)!! O borracheiro falou que conseguia consertar assim mesmo. Meteu um remendo gigantesco e me recomendou não usá-lo na dianteira. Nananão!! Nem na dianteira, nem na traseira nem em lugar nenhum. O coitado agora só serve pra ir pro lixo. Amanhã vou ter que achar um pneu novo pra ficar de estepe.
Com esse pequeno perrengue de pneu furado perdemos cerca de uma hora e meia e novamente tivemos que alterar nossos planos do dia e ficar numa cidade aquém do que pretendíamos. Paciência.
Acho que, no fundo, no fundo, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o mais importante e o mais legal mesmo numa viagem como essa é realmente ‘andar’, percorrer distâncias, e, uma hora, chegar. As atrações são quase coadjuvantes da história.
Mari e Thaís continuam muito bem. A Thaís esteve bem o dia todo, mesmo com inúmeras curvas na estrada, e sem o tal do remédio para enjôo, que cortamos por recomendação médica e opinião própria.
A tripulação estar bem é o grande esteio da expedição.
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