08 Dez 10
3º dia
De Tumaremo a El Tigre – Venezuela
Hoje, finalmente, a única tarefa foi viajar. Saímos às oito e quinze de Tumaremo e seguimos na direção norte. A estrada continuou no padrão pista simples, sem acostamento, passando por vilarejos muito pobres, ladeada por uma vegetação predominantemente de mato e pequenas árvores, bastante comum.
Pegamos uma sequência de curvas que deixou a Thaís meio enjoada, mas após uma paradinha para tomar um ar ela se recuperou bem.
Um pouco depois entramos numa pista dupla onde a viagem rendeu um pouco mais. Passamos por duas cidades bem grandes – Ciudad Guayana e Ciudad Bolívar – , mas igualmente desinteressantes. Tudo muito mal arrumado, sujo, bagunçado.
Às duas horas paramos no único restaurante que encontramos à beira da estrada. A Mari, nossa inspetora oficial para assuntos de aprovação de serviços, foi dar uma olhada e reprovou categoricamente. Resolvemos fazer um miojo supimpa no fogareiro, em baixo de uma árvore, próximo ao tal restaurante. Almoçamos bem, e ainda nos divertimos com o improviso da situação.
Atravessamos então o Rio Orinoco por uma ponte muito alta e bonita, e tocamos o barco. Às quatro da tarde alcançamos El Tigre. Fizemos uma conferência em família pra decidir se continuávamos ou se ficávamos por aqui mesmo. Continuar até escurecer, o que significava cerca de uma hora mais, nos colocava no risco de sermos pegos com as calças na mão, como ontem, no meio do nada e sem cidade próxima. Decidimos então encerrar o ‘expediente’ um pouco mais cedo e ficar por aqui mesmo.
Hoje não houve postos de fiscalização do exército na estrada. Pelo jeito eles só atuam nas lonjuras da Gran Sabana e da região de selva mais ao sul. Também não houve chuvas torrenciais. Apenas chuvas esparsas. Mas o tempo continua fechado e cinzento.
O venezuelano, via de regra, não é exatamente um povo que podemos chamar de simpático, receptivo. O tratamento é sempre um tanto ríspido, seco, sem abertura pra conversa. Parece que os caras estão sempre de mau humor. Também não têm noção de distância. Não adianta perguntar distância de nada. Ninguém sabe. No máximo respondem que “leva tantas horas”... Desprezando um dado chamado velocidade.
Hoje também tivemos o “prazer supremo” de encher o tanque do carro (cerca de 50 litros de gasolina) pagando cinco bolívares, ou seja, cerca de um real e vinte e cinco centavos! O mesmo que uma coca-cola! Haja fôlego pra esse governo local segurar essa onda. Viva o populismo latino americano!!
Incrível também como as distâncias têm custado a passar. O tempo passa, mas os quilômetros não [risos]. Temos andado menos do que esperávamos, devido a uma conjunção de fatores. Mas pode ser que consigamos encaixar um ritmo melhor. Mas o importante, na realidade, não é andar muito. É andar bem. Com segurança, com ânimo, com ritmo, com prazer. O resultado virá como conseqüência.
Sempre em frente.
Thaís entrando no espírito do Natal.
Partida de manhã cedo do hotel onde pernoitamos em Tumaremo.
Visual da "calle principal" de Tumaremo.
Ponte "La Angostura", sobre o Rio Orinoco.
Almoço improvisado: adaptabilidade é imprescindível.
Mari e Thaís degustando um bom miojo com atum.
40,13 litros de gasolina por 2,81 bolívares,
o equivalente a 70 centavos de real (menos de dois centavos de real por litro!!).
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