Viajar

Estamos de mudança de Boa Vista-RR para Curitiba-PR. Pra aproveitar a oportunidade, resolvemos dar uma olhada no jeitão (antropologia, geografia, fotografia, o olhar das pessoas) dessa nossa América do Sul, fazendo a volta pela costa oeste do continente. Nossa "nave-mãe" nessa jornada será um Suzuki Grand Vitara (ano 2010). Estimamos a viagem em torno de 14 mil km, o que pretendemos percorrer em cerca de 40 dias.

Gostaríamos de compartilhar essa experiência com nossos amigos através deste blog, e, com isso, tornar essa jornada não apenas nossa, mas de todos que nos acompanharem. Convidamos vocês a viajar conosco, e a fazer comentários e sugestões.

Escrever sobre a viagem também nos ajuda a criar uma perspectiva de observadores da nossa própria história, o que é sempre interessante.

Assis, Mari e Thaís.

domingo, 12 de dezembro de 2010

8) 12 Dez 2010 - Fronteira

12 Dez 10
7º dia
De Mérida a San Cristóbal – Venezuela
270 km

            Há muito tempo atrás (em 1999, pra ser mais exato), na viagem solo que fiz pela Nova Zelândia, de bicicleta, um dia, numa cidadezinha daquelas da costa oeste da ilha do sul, ao chegar num hostel ao final de um dia de pedalada, vi na parede um quadro com uma foto bonita (que não me recordo bem qual era) e os dizeres: “Grace under pressure” (graça sob pressão). Entendi o espírito da coisa. E vou lhes dizer: não é fácil viver esse conceito.

Os neozelandeses são um povo admirável. Eles têm esse traço do desafio e da exploração muito arraigados na sua cultura. Como no Brasil o pessoal acha a maior graça no tal do futebol, lá a graça está em fazer corridas de aventura, grandes travessias a pé, escaladas, e coisas do gênero... Valores culturais...

            Saindo de Mérida hoje, a estrada começou de forma bastante cênica. Descendo de 1650 metros de altitude (em Mérida) para os 200 a 300 metros em cerca de 50 km, acompanhando um vale magnífico com encostas de montanhas extremamente altas, um rio nervoso de águas leitosas ao fundo, túneis cortando as montanhas e a estrada em si bastante boa.

            Cruzamos com vários grupos de ciclistas fazendo o seu treino ou passeio, descendo e subindo a serra. O pessoal aqui não é muito chegado a usar capacete não. Nem de bicicleta nem de moto.

            Terminada a descida da serra a paisagem mudou novamente: vegetação comum e estrada sem graça. Alguns quilômetros depois nova serra e “lá vamos nós para cima de novo”. Mas a estrada estava bem pior dessa vez, com várias encostas caídas e trechos da estrada semi-destruídos. Pra piorar, começou a chover e uma neblina reduziu a visibilidade drasticamente. Hummmmm... Estava demorando pra complicar...

            Mas aos poucos fomos chegando à cidade e vencendo as dificuldades do trecho. Por volta de uma e meia da tarde estávamos em San Cristóbal. Demos com um centro de compras (mais conhecido como Shopping Center [risos]) meio por acaso, e paramos pra fazer um lanche. Acabamos almoçando por lá e passando parte da tarde no local. Mari e Thaís se divertiram bastante.

            Tivemos certa dificuldade em achar um hotel, mas acabamos nos instalando satisfatoriamente. A cidade é bem grande, mas de aspecto feio e pouco simpático. Mas para uma cidade de fronteira do interior da Venezuela até que está bom demais.

            O único probleminha é que todos os postos de gasolina da cidade (e dos últimos 100 km) estavam fechados hoje. Disse a recepcionista do hotel que amanhã eles reabrem normalmente. A mim pareceu um problema de abastecimento mesmo (alguns tinham placas informando que não havia gasolina). Coisas da Venezuela... Mas ainda temos certa autonomia.

            Amanhã pretendemos ingressar na Colômbia e iniciar essa nova etapa da viagem. Fronteiras são sempre um ponto sensível, logicamente. Principalmente entre dois países como estes. Mas, com calma e paciência, tudo se resolve, sempre.

            Tem também a questão emblemática da segurança na Colômbia. O estereótipo de lugar perigoso associado a esse país está incutido no nosso subconsciente. Mas, segundo pesquisamos, já não é mais bem assim. Resta esperar que a realidade corresponda às nossas pesquisas.

Sempre em frente.

           





















































Nenhum comentário:

Postar um comentário